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Mapas Mentais no ensino de Ciências da Natureza

Em artigo, educadoras do CSL falam sobre ferramenta pedagógica que ajuda os alunos a organizarem o conhecimento

Com origem na Aprendizagem Significativa, do especialista em Psicologia Educacional David Ausubel (1918-2008), os Mapas Mentais nos ajudam a organizar as informações de forma gráfica e visual, permitindo relacionar conhecimentos existentes, de forma hierárquica ou não, com conhecimentos adquiridos. Essa ferramenta pedagógica é importante para o aluno, pois o ajuda a organizar o que aprendeu, levando-o a perceber a integração entre os temas e os tópicos estudados.

No 2.º Trimestre, os estudantes do 1.º ano do Ensino Fundamental I foram convidados e incentivados a construírem seus Mapas Mentais relacionando o que tinham aprendido sobre o tema Alimentação, na disciplina de Ciências da Natureza*.

“[…] trabalhar com Mapas Mentais nessa faixa etária é importante, apesar dos desafios, pois faz com que a produtividade no processo de conhecimento e organização do pensamento sejam privilegiados.”

Antes do desenvolvimento dos Mapas Mentais, o tema da Alimentação foi amplamente trabalhado com as crianças que estudaram diversos aspectos relacionados ao assunto. Os alunos trabalharam com a experimentação de diferentes alimentos para entenderem a ação do olfato e do paladar no sabor que sentimos, além da visão, que nos ajuda a perceber o estado em que se encontra o alimento e se nos atrai, ou não. Eles também assistiram a uma animação que abordou a alimentação saudável e a classificação entre alimentos construtores, energéticos e reguladores, e fizeram apresentações sobre o caminho que o alimento percorre em nosso corpo, após degustação e levantamento de hipóteses sobre esse caminho.

Os alunos receberam o Roteiro de Estudos com orientações detalhadas para a elaboração do Mapa Mental, assim como um tutorial em vídeo, que exemplificou para as crianças e suas famílias a intenção da proposta. Como parte das orientações incluímos alguns critérios, deixando claro aquilo que o trabalho deveria trazer:

ATENÇÃO: O SEU MAPA DEVE CONTER EVIDÊNCIAS DAS SUAS DESCOBERTAS E APRENDIZAGEM, OU SEJA, PRECISA APRESENTAR:

  • O TEMA CENTRAL DO QUE ESTAMOS ESTUDANDO.
  • OS PRINCIPAIS SUBTEMAS QUE DERIVAM DESSE TEMA CENTRAL.
  • AS RELAÇÕES ENTRE OS SUBTEMAS, QUANDO HOUVER!
  • PRECISA SER LEGÍVEL TAMBÉM!

No encontro virtual, as crianças tiveram a oportunidade de compartilhar as informações coletadas e os mapas realizados, mostrando para o grupo suas descobertas e como suas ideias e seus pensamentos estavam organizados.

Algumas crianças mostraram-se um pouco tímidas, outras mais desenvoltas. Algumas estudaram e se prepararam para a apresentação, outras falaram de forma espontânea. A imagens abaixo ilustram alguns dos mapas apresentados:

As imagens selecionadas são apenas alguns exemplos que ilustram o valor do Mapa Mental para essa faixa etária, o que ficou de mais importante para cada um deles e as relações que conseguiram fazer, independente, do quão proficientes na escrita já são.

Os Mapas Mentais são uma forma muito eficiente de verificação da aprendizagem. Ao contrário de avaliações dissertativas ou de múltipla escolha, nas quais, geralmente, apenas uma resposta correta é possível, o Mapa Mental permite a cada aluno expressar quais relações é capaz de fazer entre os conceitos estudados dentro de um mesmo tema ou temas interligados.

Nesse processo, com as turmas do 1.º ano, recebemos o depoimento de muitas famílias. Confira alguns deles:

 “Adorei ver meu filho aprender isso aos 6 anos! Eu só descobri aos 30 e me ajuda muito!”
(pai de aluno do 1.º ano EFI)

“A minha filha está muito bem! Ela fez sozinha a atividade do mapa mental!”
(mãe de aluna do 1.º ano EFI)

“Gostaria de questionar a elaboração da atividade de Ciências, que tem sido além da capacidade das crianças, demandando o auxílio e colaboração dos pais durante toda a execução…”
(mãe de aluno do 1.º ano EFI)

“…O uso do modelo de mapa mental pode parecer algo pouco intuitivo para crianças, principalmente pra pessoas que – como  eu – o utilizam em  seu dia a dia de trabalho, mas foi utilizado aqui sem tabus e complicações, aproveitando a flexibilidade que crianças desta faixa têm em aprender e utilizar novos formatos e tecnologias de informação. Achei o resultado muito interessante e rico, e espero que continuem usando essa ferramenta que, pelo que vi, foi muito bem aceita pelos alunos… Inovar na educação parece fácil, mas não é, como sabemos. É preciso sensibilidade, conhecimento técnico e amplitude cultural para oferecer novidades às crianças que realmente façam diferença em seu aprendizado e, consequentemente em suas vidas. Parabéns aos envolvidos nessa iniciativa!”
(pai de aluna do 1.º ano EFI)

Os depoimentos mostram que muitos pais reconhecem o valor desse processo e a importância da ferramenta nesta etapa do aprendizado das crianças. Algumas crianças gostaram tanto que já estão usando mapas mentais em outros momentos de seu processo de aprendizagem, não necessariamente relacionados às Ciências da Natureza.

Mas os depoimentos também mostram que alguns pais e crianças tiveram dificuldades, o que também era esperado. Nesses casos, as professoras regentes e as auxiliares atenderam as crianças para ouvi-las e ajudá-las a compreender a ferramenta.

Concluímos, com essa experiência, que trabalhar com Mapas Mentais nessa faixa etária é importante, apesar dos desafios, pois faz com que a produtividade no processo de conhecimento e organização do pensamento sejam privilegiados. Os Mapas Mentais surgem como uma opção na organização do fluxo de ideias natural no momento de aprendizagem e descobertas e poderão ser utilizados como mais uma estratégia de registro das atividades de Ciências da Natureza, além da escrita, do vídeo, do desenho ou de outra forma de registro e comunicação, que compõe a coleta de evidências de aprendizagem.

O que aprendemos nesse processo? Aprendemos que inovar exige arriscar e não ter medo de errar, mas também exige cuidado, atenção e correções de rota sempre que elas se fazem necessárias. Por isso terminamos com os versos finais do poema “Errância”, de Orides Fontela:

“… Margem de erro: margem de liberdade”

 

Denise Curi** e Valquíria Miguel Luchezi***

**Denise Curi é Coordenadora da Área de Ciências da Natureza do Colégio São Luís.
E-mail: denise.curi@saoluis.org

***Valquíria Miguel Luchezi é professora regente do 1.º ano do Ensino Fundamental I, responsável pelo planejamento das atividades de Ciências da Natureza da série.
E-mail: valquiria.luchezi@saoluis.org

SAIBA MAIS

Este artigo se propôs a relatar a experiência com o uso de Mapas Mentais como ferramenta pedagógica com alunos do 1.º ano do Ensino Fundamental I.

A Matriz Curricular do Colégio São Luís traz, entre seus Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento (OAD), os seguintes OADs relacionados ao tema Alimentação:

EF1C06 – Identificar diferentes tipos de alimentos e sua necessidade para o desenvolvimento do corpo e manutenção da saúde, incluindo informações de outros povos.

EF1C07 – Descrever os processos básicos da digestão para aproveitamento do alimento pelo corpo.

EF1C08 – Identificar origem e processos simples de produção de alguns alimentos não industrializados e industrializados, a partir de embalagens e outras referências.

Para desenvolver esses objetivos, semanalmente, diversas atividades estão sendo propostas nos Roteiros de Atividades enviados para as famílias.

As escolhas das atividades levam em conta alguns pressupostos com os quais pensamos o ensino e, em particular, o ensino de Ciências da Natureza:

Ensino de Ciências pela Investigação (DE CARVALHO, 2017) – a investigação é base do conhecimento científico, que nasceu da observação do mundo ao nosso redor, das perguntas realizadas, do levantamento de hipóteses e da busca pelas respostas, por meio de experimentações e construções de modelos que pudessem dar sentido aos dados coletados e às observações realizadas.

Aprendizagem Significativa (AUSUBEL, 1978 e 1980) – que em poucas palavras é a aprendizagem baseada no que o aluno já sabe, ou seja, a partir de seu mundo e de sua experiência no mundo, o aluno faz relações entre o que já sabe com o que está aprendendo.

Metodologias Ativas (BACICH & MORAN, 2018) – que colocam o aluno como sujeito central e ativo no processo de aprendizagem.

*Nesse contexto, uma das ferramentas utilizadas por nós foi a construção de Mapas Mentais (DE MORAES et al., 2017) pelas crianças, como forma de verificar o que elas tinham compreendido de todo o trabalho realizado dentro do tema Alimentação.

 

REFERÊNCIAS

AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D. e HANESIAN, H. Educational psychology: a cognitive view. (2a ed.) New York, Holt, Rinehart and Winston, 1978. 733p.
_____ Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.

BACICH, L.; MORAN, J. (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.

DE CARVALHO, A.M.P. (org.). Ensino de Ciências por Investigação: condições para implementação em sala de aula. São Paulo: Cengage Learning, 2017.

DE MORAES, M.A.C.; ARNT, K.0.; SARTORI, F.; OKUYAMA, F.Y.; BERTAGNOLLI, S.C. Mapas Mentais como significação do conhecimento: um estudo de caso aplicado a educação infantil. IV Congresso Nacional de Educação – CONEDU, João Pessoa, 2017. Disponível em: <https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2017/TRABALHO_EV073_MD1_SA19_ID7589_11092017201751.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2020.

FONTELA, O. Poesia Completa. São Paulo: Editora Hedra, 2015.