Amai-vos uns aos outros
O amor consiste mais em obras que em palavras. O amor é a comunicação de ambas as partes. Isto é, quem ama dá e comunica o que tem ou pode a quem ama. Por sua vez, quem é amado dá e comunica ao que ama. (Exercícios espirituais 230 e 231)
Hoje inicia-se o Tríduo Pascal, no qual somos convidados a fazer memória e atualizar os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Particularmente nesta quinta-feira, relembramos a última ceia de Jesus com seus discípulos, aquela em que Ele lhes lava os pés, para ensinar-lhes que o amor é doação ao próximo. Nessa mesma noite, Jesus deixou-nos um mandamento novo: o do amor fraterno. Santo Inácio, que sempre amou o Cristo e dedicou-se a segui-Lo fielmente, lembrou-nos: “o amor se mostra mais em obras do que em palavras”.
“Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? […]. Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa, amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.” (Carlos Drummond de Andrade – poeta, contista e cronista natural de Itabira – MG, falecido aos 84 anos, em 1987)
O novo mandamento deixado por Jesus – “amai-vos uns aos outros” – nos motiva a cotidianamente comprometermo-nos em amar, amando ainda mais quando o amor parece faltar, quando a necessidade surge, quando o desafio e a dor se fazem grandes…
O convite está feito e nós vamos descobrindo nosso modo de ser, de estar, de nos encontrar, de nos amar, de dar a vida, de nos fazer próximos, sobretudo dos que mais sofrem. Se olharmos para Jesus, aprenderemos Dele um modo de amar.
Para refletir:
- Quais sinais, gestos, atitudes, testemunhos de amor e doação percebo à minha volta?
- De que modo sinto que tenho me doado pelo bem das outras pessoas?
- Como posso ser instrumento de amor e sinal de esperança no cotidiano da vida?
Para meditar:
João 13, 1-15