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O ser humano em movimento

Alfabetização e psicomotricidade no Colégio São Luís

Em todas as etapas de nossa formação, o corpo vai se desenvolvendo, tomando forma. No momento em que saímos do ambiente protegido do ventre materno, iniciamos nossa interação com as informações do mundo externo, processo chamado de fenótipo, que pode ser definido como experiências oferecidas pela interação com o ambiente, as quais, em comunhão com o genótipo, nossa herança genética, vão nos acompanhar por toda a vida. Tudo será uma nova experiência, muitos desafios serão superados, sendo que alguns se tornarão rapidamente controlados. Enquanto isso, nosso corpo interage e busca novas formas – seja no modo de engatinhar, andar, sentar, comer e até mesmo respirar –, de modo que ações simples são realizadas de forma cada vez mais autônoma e seguem se desenvolvendo. Vamos constituindo padrões e automatizando, em nossa memória muscular e cerebral, nossas experiências motoras. Da fase infantil até a idade adulta, seguimos moldando nossos padrões e, a cada vivência, o treino e a repetição serão necessários. Diante desse cenário, compreende-se que os ambientes para as realizações das diversas experimentações devem ser agradáveis, estimulantes e adequados para cada etapa da vida.

[…] na área das Linguagens, os diversos componentes curriculares se articulam em torno da ideia de que somos seres que se comunicam e, assim, têm o objetivo de possibilitar que o corpo se expresse de forma harmoniosa, seja na arte, na escrita, na fala, na dança […]

Na escola, a criança interage com o outro, buscando padrões de movimento com base na observação e na convivência. Essa capacidade de adaptação social, criada por meio da interação, vai contribuir para que a criança adquira e aperfeiçoe movimentos até a fase adulta. Na primeira infância (do nascimento até os 3 anos de idade) e na segunda infância (dos 3 aos 6 anos), fases em que a aprendizagem é uma descoberta abundante e contínua, podemos entender que a parceria entre escola e família é importante para que cada criança tenha acesso a ambientes e orientações adequados para seu pleno desenvolvimento. A escola deve ser um espaço dinâmico, de trocas, de descobertas e que propicie um processo de formação estruturado, com respeito à individualidade dentro do coletivo.

Nesse contexto, na área das Linguagens, os diversos componentes curriculares se articulam em torno da ideia de que somos seres que se comunicam e, assim, têm o objetivo de possibilitar que o corpo se expresse de forma harmoniosa, seja na arte, na escrita, na fala, na dança, haja vista a importância da organização, no currículo, dos componentes de Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Educação Física, Artes Plásticas e Visuais, Música, Teatro e Dança. Segundo Paulo Freire, “o ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.”

O contato com diferentes formas de expressão é fundamental para o processo de alfabetização, da construção do objeto conceitual que é o sistema de escrita – e que se inicia antes mesmo de as crianças ingressarem na escola, com a elaboração de hipóteses sobre o uso da língua escrita. Os estímulos podem ser variados, e todo o repertório adquirido pelos pequenos na participação nas mais variadas situações comunicativas (lendo, falando, usando a linguagem digital e corporal) só fará sentido no ambiente escolar se estiver ligado aos usos reais da língua, ou seja, se cumprir a função social da linguagem. Portanto, para além da alfabetização, é preciso trazer a ideia de letramento, a compreensão e participação de múltiplas situações significativas. É fundamental lembrar que as práticas de letramento se desenvolvem por toda a vida e são construídas socialmente. Assim, os atos de ler e escrever deixam de ser apenas práticas escolares e são pensados como práticas sociais.

No Colégio São Luís, todas as atividades são elaboradas com intencionalidade pedagógica, para que os estudantes desenvolvam todas as suas potencialidades

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento normativo vigente no Brasil, contempla a Educação Física como uma área pertencente às Linguagens, pois o corpo também se comunica. No processo da alfabetização, além de ser um componente em si, traz inúmeras contribuições motoras e cognitivas para o desenvolvimento dos alunos. Como explica Costa, “[a] Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que inclui as interações cognitivas, sensório-motoras e psíquicas na compreensão das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos”.

No Colégio São Luís, todas as atividades são elaboradas com intencionalidade pedagógica, para que os estudantes desenvolvam todas as suas potencialidades. O processo pelo qual o aluno se desenvolve, especialmente nessa fase de muitas descobertas, é objeto de muita atenção no CSL, que utiliza estratégias coletivas entre as áreas do conhecimento.

Simone Costa
Coordenadora pedagógica da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I

Eduardo Ribeiro
Coordenador de Esportes e Atividades Extracurriculares