Notícias

A África além do mapa

No estudo sobre o continente, estudantes conversam com um artista de Burkina Faso e dois brasileiros que viveram em Angola  

No primeiro trimestre, um estudo interdisciplinar sobre a África envolveu os estudantes do 8º ano de várias maneiras. Nas aulas de português, eles leram a obra “Bom dia, camaradas”, do escritor angolano Ondjaki. Em História, estudaram a fase colonial, o processo de independência e as guerras. Em geografia e biologia, também viram conteúdos de clima, vegetação, epidemias. Houve ainda a visita do artista Toumani Kouyaté, de Burkina Faso, que apresentou um pouco da música e da cultura tribal da África do Oeste (assista ao vídeo sobre o evento aqui).

Para encerrar o projeto, tiveram a oportunidade de conversar com dois brasileiros que viveram em Angola: o empresário Pedro Paulo Campos de Andrade, pai da aluna Giovana (8º ano), e a advogada Fernanda Fernandes, atuante na área de Direitos Humanos. Eles compartilharam diversas impressões acerca do país, passando por questões cotidianas como dinheiro, violência, comida, dança, música, petróleo, escola etc.

Contaram, por exemplo, que apesar da pobreza, Luanda é a capital mais cara do mundo. Isso se reflete em preços exorbitantes da Coca-Cola ao aluguel. Disseram que os semáforos não funcionam ou inexistem porque falta energia três vezes por dia – o mesmo motivo pelo qual o gerador é o primeiro objeto de desejo de famílias que enriquecem. Mostraram fotos feitas de dentro do carro, disfarçadamente, pois é proibido fazer registros de locais públicos que mostram a miséria e a devastação pós-guerra. Comentaram ainda sobre a ditadura, o amor ao Brasil, a expressão pela dança, os traumas da guerra, o racismo.

“Eu atravessei o oceano para ter minha primeira amiga negra e pensar nas relações raciais que existem no Brasil”, disse Fernanda Fonseca. “Sempre fui muito bem tratado pelo povo angolano que tem um amor pelo Brasil que até hoje eu não entendi muito bem por que”, afirmou Pedro. Duas horas passaram voando para tantas perguntas e reflexões suscitadas na conversa.

Leave a comment