Notícias

Performance no recreio

Estudo de performance provocou reflexões (e ações!) sobre o cotidiano dos adolescentes

Acostumados a produzir trabalhos de artes concretos, além de viajar e conhecer museus e exposições, os alunos da 1ª série do Ensino Médio tiveram um desafio diferente quando começaram a estudar arte contemporânea: desenvolver uma ação de performance que refletisse as relações entre arte e vida cotidiana, assim como o rompimento das barreiras entre arte e não-arte.

“Foi preciso entender que o caminho da arte contemporânea era justamente de retomar uma narrativa falar de coisas da vida, do nosso modo de ser e de se relacionar com o mundo”, explica a professora Caroline Andrade. Neste ano, os alunos entraram em contato com linguagens como o grafite e, mais recentemente, as artes do corpo.

O trabalho de duas artistas foi alvo de estudo: da sérvia Marina Abramovic – que, no Moma de Nova York em 2010, ficou sentada e inerte à disposição do público que foi ver a retrospectiva de sua carreira – e da brasileira Ana Teixeira, um dos principais nomes da atualidade no gênero da performance.

Arte para provocar

Ana Teixeira veio ao Colégio São Luís para falar sobre seu trabalho que prefere definir como “ações para provocar curtos-circuitos no espaço público”. Contou, entre outros, sobre os trabalhos “Troco sonhos” e “Escuto histórias de amor” – em que se coloca como ouvinte numa calçada para quem quiser compartilhar aquilo que lhe é íntimo. A conversa foi muito proveitosa, curiosa e ajudou os alunos na elaboração de suas próprias ações.

Na semana seguinte, foi a vez dos alunos se arriscarem, apresentando uma ação no ambiente da escola, no horário do recreio, que trouxesse uma discussão pertinente ao mundo deles. Um grupo discutiu sobre vestibular, com tapas colocadas ao lado dos olhos e etiquetas na testa com o nome de universidades; outro sobre a honestidade, com uma banquinha de trufas sem vendedor no meio do pilotis. O terceiro grupo ficou vendado para escutar histórias sem reconhecer quem estava falando. O último grupo pediu que colegas de outras classes e séries escrevessem suas primeiras impressões sobre eles, sem que uma palavra fosse trocada.

“O processo foi muito bacana, pois apesar do planejamento, só fazendo a ação é que descobrimos a reação”, comenta a professora. “Gostei de ter feito a ação e me surpreendi com as repostas que recebi à pergunta ‘De quem é a sua saudade?’ ”, contou a aluna Marianna Paranhos. “Mesmo que alguns alunos não tenham levado a sério a proposta, a zoeira deles era uma mensagem a explorar”, concluiu.

Leave a comment