Simulação de julgamento é a proposta para trabalhar leitura obrigatória do vestibular
Capitães de Areia, de Jorge Amado, está na lista de livros obrigatórios para a Fuvest no triênio de 2017 a 2019. A obra foi lida, estudada e revirada pelos estudantes da 1ª série do Ensino Médio com a finalidade de participarem de uma instigante atividade: o júri popular simulado.
Todos os alunos participaram da dinâmica, representando um personagem do livro ou integrando o grupo da promotoria ou defensoria. Havia ainda um aluno veterano no papel de juiz e, assim como na vida real, a sessão foi aberta ao público (no caso, os colegas de outra sala), que acompanhou atento cada depoimento e a maneira como os advogados conduziram suas argumentações.
Outro detalhe que envolveu os alunos e trouxe mais realismo à atividade foi a caracterização dos personagens. Vestindo-se como um menino do grupo dos Capitães de areia, como um mestre de capoeira ou como um padre, os alunos entraram na pele dos personagens. Alguns chegavam a falar com sotaque ou errar na concordância verbal de propósito – tudo isso praticado numa breve oficina de teatro conduzida pela professora de artes.
Gostaria de pedir uma objeção!
Utilizando jargões do mundo do direito os alunos deram um show de lógica. Os advogados alegavam, por exemplo, “furto famélico”, de forma a enquadrar o roubo de alimento à necessidade de sobrevivência – e, assim, livrar os adolescentes de uma penalidade. A promotoria, por sua vez, pedia objeção e fazia perguntas de modo a mostrar que os atos haviam sido planejados e vieram acompanhados de outros delitos, como agressão e invasão à propriedade.
Durante os argumentos finais, a defesa de cada classe apresentou o gráfico de uma função (conteúdo de Matemática do primeiro ano) que mostrava o número de menores de rua em Salvador dos anos 1935 até 1940. Foi, enfim, uma proposta que estendeu a competência da compreensão de texto ao limite, englobando noções de retórica, estatística, cidadania, convivência, artes cênicas, entre outros.