Em projeto interdisciplinar alunos reconstroem suas origens usando a narrativa mitológica
O conceito de identidade, desenvolvido com a 1ª série do EM noturno, foi o ponto de partida para um trabalho interdisciplinar que abordou diferentes perspectivas: identidade individual, familiar, étnica, de gênero e de origem. O caminho proposto para tratar todos esses aspectos foi o estilo narrativo mitológico.
A primeira tarefa dos alunos foi produzir um mito sobre sua própria história fazendo uma relação entre elementos do universo fantástico e do real para contar suas origens. Para isso, aprenderam sobre as principais características do mito enquanto gênero e estilo textual. Como referência, nas aulas de Física, conheceram mitos de diferentes culturas a respeito da formação do universo. Conteúdos de outras disciplinas, devidamente adaptados ao tema do projeto, também serviram de subsídio para a confecção dos mitos.
Um deles foi a árvore filogenética, construída pelos alunos nas aulas de Biologia, para resgatar sua ancestralidade. Cada um pesquisou traços físicos comuns às suas famílias, como cor da pele, dos olhos, dos cabelos, e coletou opiniões sobre como seus familiares se viam mediante essas características. O objetivo foi discutir até que ponto uma característica, seja ela genética ou fruto de uma construção social, pode ser mudada. Alguns dados coletados também serviram de base para o Projeto Censo, que integra os trabalhos em torno do tema Identidade e pretende traçar um perfil dos alunos do período noturno e suas famílias.
A pesquisa biológica se estendeu para o campo da Química, no qual as diferentes características físicas foram discutidas do ponto de vista científico. Que estrutura química diferencia o cabelo liso do cabelo cacheado ou olhos castanhos de olhos azuis?
Em paralelo, trabalhos visuais foram desenvolvidos nas disciplinas de Matemática, Artes e Inglês. Na primeira, os alunos estudaram proporções a partir do Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, e aplicaram a simetria proposta por ele a fotos de seu rosto. Em Artes e Inglês, fizeram litografias usando uma foto de perfil do seu rosto. O objetivo era que criassem uma releitura da imagem usando onomatopeias em Inglês e elementos que representassem suas origens, seu presente e seus sonhos para o futuro.
Encerrada a primeira fase do projeto, que trabalhou as histórias individuais, os alunos deveriam se dividir em grupos e escolher mitos indígenas, nórdicos, africanos ou asiáticos para apresentar aos colegas de classe e, na conclusão do projeto, aos pais. Para ajudar os estudantes nessa tarefa, Juliana Bonito ministrou uma oficina de contação de histórias. Ela deu orientações sobre como envolver o público, como e quando usar figurinos e objetos de cena, entonação de voz adequada, entre outras dicas.
Após um semestre de tantos aprendizados, chegou o dia de apresentar o resultado de todo o trabalho aos pais e familiares. Os trabalhos visuais desenvolvidos pelos alunos foram reunidos em “Todos os eus do mundo”, uma exposição cheia de cor e criatividade.
Também foram apresentados alguns resultados do Projeto Censo, com dados demográficos e étnico-raciais dos alunos do noturno e de seus familiares.
Um grupo de cada turma da 1ª série, escolhido pelos colegas, apresentou aos convidados sua contação de um mito.
Em meio à programação agitada foi possível fazer uma pausa para um descontraído lanche comunitário, com doces e salgados trazidos pelas famílias. Para fechar o evento, uma emocionante homenagem dos alunos às suas famílias feita com músicas, vídeos e entrega de flores.